Queremos ser únicos, especiais. Repudiamos o tratamento massificado, o script decorado, o atendimento despersonalizado.
Tratamento singular. É isto que indica nosso
sucesso e aceitação como distintos.
A fila é a imagem do popular, dos que não fazem
parte deste universo dos eleitos. Os
únicos têm seu tratamento especial, apartado das filas.
São cartões diamond, black, clientes “Leonardo da
Vinci”, salas vips, camarotes com espumantes em um andor pirotécnico anunciadas
em procissão.
Se relacionamento é tudo então usamos e abusamos de
alguém que possa nos tirar da consideração anônima, que nos eleve ao posto de
conhecido do fulano que há de nos criar uma condição “diferenciada”.
Aliás “diferenciado” é palavra contemporânea no
Brasil, tal qual fora o purê de mandioquinha como acompanhamento moderno nos
cardápios. O termo diferenciado tem uso martelado nos mais diversos ramos, do
futebol ao cachorro quente da esquina.
Maslow reencarnado e testemunhando um dia destes poderia
pensar em inverter sua pirâmide iniciando pela autorrealização.
Ao menor destrato, fisiológicos, nossos pelos
crispam, o canino se pronuncia e vociferamos: “- me chame o supervisor, o
gerente, o dono...”.
Queremos ser identificados, reconhecidos.
Orgulhamos do olhar solicito do “maître” que nos reserva aquela mesa especial e
o garçom que nos chame pelo nome e pergunta:
“- o senhor vai querer o de sempre ?”, denotando intimidade guardada
para os distintos.
Só abrimos mão do status quando o desejo é incontrolável ou o custo for baixo o suficiente para nos empurrar para remar no andar de baixo de um galeão espanhol.
Admitimos nosso “populesco” na promoção imperdível,
na black friday, na fila do lançamento do novo gadget eletrônico, ou no anonimato em viagens pelo exterior, perambulando
tresloucados nos outlets, enchendo
sacolas.
No final do dia somos todos muito parecidos em
nossa busca pelo singular. Quem nos ofertar um tratamento único ganhará nossa
atenção e motivação em estabelecer vínculos, amizades e negócios.
No cotidiano que nos atropela sempre buscaremos forças
na autoestima, no resgate de nossa confiança e na renovação da vitalidade.
Se assim buscamos faz sentido assim ofertarmos.
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