terça-feira, 23 de abril de 2019

Mundo Digital e o Desenvolvimento

Quanto mais sofisticados forem produtos e serviços maior será o valor gerado, maior a riqueza e, portanto, a produtividade medida de uma país.

A automação e a tecnologia via de regra estão associados a estas características do desenvolvimento, que produz com qualidade ou baixo custo aquilo que o país e o mundo demandam ou irão demandar. Se por um lado produzem o desaparecimento de funções e empregos podem, quando a economia cresce, gerar demanda em outras atividades, pelo simples fato do maior volume de dinheiro circulando.

Mais dinheiro logo maiores possibilidades de gastar além do trivial. É a lógica geração de demanda, da sofisticação dos desejos, a engrenagem do querer a qual fez o mundo dar o salto de riqueza nos últimos 50 anos. Mudamos a natureza preponderante de nosso esforço: da física para a mental. 

Vejamos como fora a evolução da produtividade e o grande impacto das transformações de um mundo mais digital.


A figura a seguir indica que, nas quatro décadas entre 1975 e 2015, a distribuição mundial de renda voltou a mudar drasticamente, não somente reduzindo a desigualdade, mas também a pobreza no mundo (no gráfico quanto mais a direita maior renda).


A Coreia do Sul, um país pobre na década de 50, exemplo do investimento em educação, tecnologia e manufatura, hoje possui uma economia destacada. Com larga composição em serviços e indústria de alta tecnologia, rivalizando com os japoneses, sinônimo de eficiência e tecnologia por décadas.

O estado americano da Califórnia ao final de 2017 era quinta economia do mundo, Segundo o professor de economia da Universidade da Califórnia, Lee Ohanian, o forte desempenho econômico do estado é impulsionado pela elevada produtividade dos trabalhadores.  


Brasil e América Latina continuam a mirar o padrão europeu e americano, sem, no entanto, ter a força do PIB destas nações.

De uma outra forma os países asiáticos e do leste europeu, estes oriundos do socialismo e da indústria pesada como Rússia e Polônia, imprimem um maior volume de horas trabalhadas que por si só não parecem trazer os mesmos benefícios colhidos por automação e tecnologia.


Já nos países de maior PIB per capita destinam menor volume de horas de trabalho, com exceção da Coreia do Sul.
















O aumento da riqueza e produtividade nas últimas décadas tem sólido fundamento na melhoria de práticas de processos e na transformação digital. Através da tecnologia da informação e a automação, equipamentos (hardwares) e aplicações (softwares), oportunizou-se inúmeros benefícios para a humanidade. 

A virtualização e soluções na "nuvem" ampliaram drasticamente as possibilidades de adoção da tecnologia. A aquisição da inovação tecnológica como serviço permite ciclos mais curtos de mudança e captura das melhorias almejadas. Ainda presenciaremos saltos de produtividade e riqueza talvez como nunca antes.

Contudo este novo modelo não suscita somente empolgação e esperança nas pessoas. Além do temor ao risco da inovação (nosso eterno desconforto com a mudança), o contraponto comum é dado pela preocupação social decorrente da perda de empregos, questão pautada desde a revolução industrial.

O aumento do PIB mundial e a produtividade sofrem questionamentos devido ao crescimento da concentração de riqueza dentro dos países, alimentando a desigualdade nas últimas décadas. Isto ocorre principalmente em países riscos como Estados Unidos e na Europa, onde por coincidência os maiores embates de imigrantes e nacionalistas estão se dando. A Califórnia sofre mais com desigualdades. Uma em cada cinco pessoas vive na pobreza (20,4%) enquanto a média americana é 14,7%.

Mas o que dizer de desigualdades ainda maiores como México, Rússia, Brasil e Índia sem o benefício da produtividade e da riqueza? Poderia o modelo do século passado melhorar a vida das pessoas nestes países ou melhor apostar na nova ordem mesmo que imperfeita?

Qualquer discussão de modelo de desenvolvimento nacional será vazia se o país não colocar na pauta a capacitação e tecnologia de ponta, aproximando centros de pesquisa e corporações, inovação e produtividade.

Sem elas o pífio desenvolvimento social ou econômico continuarão incompatíveis com nossas esperanças. Zumbis do mercado financeiro e apostas no preto ou vermelho definitivamente não resolveremos o problema de emprego e concentração de renda.


As empresas em um mundo de aumento de riqueza precisam não apenas atender a demanda com produtividade, mas também gerar demanda estimulando desejos pouco ou nunca explorados. O mundo digital ainda é um vasto oceano para os navegadores da nova ordem.

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