quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

A Maior Ponte do Mundo e o Muro



Além da sua importância física para facilitar a mobilidade e a conexão, as pontes guardam uma forte simbologia de integração, união e colaboração.

Recentemente a China inaugurou a maior ponte marítima do mundo, com cerca de 55 km ligando Hong Kong, Macau e Zhuhai a um custo de US$ 20 Bilhões. O governo Chinês pretende impulsionar a baia local para competir com São Francisco, Nova Iorque e Tóquio, um projeto ousado e também muito criticado.

Grandioso e empolgante, como tudo na China, alguns aspectos peculiares do projeto chamam a atenção. Apesar de ser uma ligação, traz várias restrições de acesso e uma situação sus-generis de padrões, pois em Hong Kong e Macau se dirige pela esquerda, herança britânica, e no resto da China pela direita.

A ponte une a pequena e tradicionalmente moderna parte do país com o seu passado, um retrato da China desenvolvimentista, que mistura capitalismo e forte controle governamental. Simbolicamente o problema da direção a esquerda e a direita demonstra o desafio de compatibilizar duas maneiras distintas de pensar e conduzir. 

Similarmente o mesmo do cenário global com o recrudescimento do extremismo, da marcação exagerada de diferenças, de nações, agremiações, cores, valores, tradições.

O cenário nacionalista, intolerante, emerge como um contraponto aos anos de globalização, integração, migração, da grande teia da web, do encurtamento das distâncias, transações, do acesso a informação, da tribuna livre de opiniões e pensamentos.


A negação das pontes semeia a elevação dos muros. Não se trata apenas de um movimento de nações, basta olharmos para a transformação de nossas cidades, os condomínios e os guetos.  

Resta saber se no âmbito global a ruptura chegará as “pontes digitais”, como na China, ou apenas será um breve período de alternância de pensamento político e socioeconômico. 

Parece ser certo dizer que humanidade experimentou seus maiores saltos de desenvolvimento pela colaboração e não pelo hermetismo. As próximas décadas nos reservam a busca da resposta para tentar pacificamente combinar o pensamento liberal e humanista. Ou criar um novo.

Um comentário:

  1. Artigo no Quociente Corporativo: https://quocientecorportativo.blogspot.com/2019/01/a-maior-ponte-do-mundo-e-o-muro.html

    Artigo na folha de São Paulo sobre a Ponte Chinesa: https://folha.com/90qvpf53

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