Além da sua importância física
para facilitar a mobilidade e a conexão, as pontes guardam uma forte simbologia
de integração, união e colaboração.
Recentemente a China inaugurou a maior
ponte marítima do mundo, com cerca de 55 km ligando Hong Kong, Macau e Zhuhai a
um custo de US$ 20 Bilhões. O governo Chinês pretende impulsionar a baia local para
competir com São Francisco, Nova Iorque e Tóquio, um projeto ousado e também
muito criticado.
Grandioso e empolgante, como tudo
na China, alguns aspectos peculiares do projeto chamam a atenção. Apesar de ser
uma ligação, traz várias restrições de acesso e uma situação sus-generis de padrões,
pois em Hong Kong e Macau se dirige pela esquerda, herança britânica, e no resto
da China pela direita.
A ponte une a pequena e tradicionalmente
moderna parte do país com o seu passado, um retrato da China desenvolvimentista, que
mistura capitalismo e forte controle governamental. Simbolicamente o problema
da direção a esquerda e a direita demonstra o desafio de compatibilizar duas
maneiras distintas de pensar e conduzir.
Similarmente o mesmo do cenário
global com o recrudescimento do extremismo, da marcação exagerada de
diferenças, de nações, agremiações, cores, valores, tradições.
O cenário nacionalista, intolerante,
emerge como um contraponto aos anos de globalização, integração, migração, da
grande teia da web, do encurtamento das distâncias, transações, do acesso a
informação, da tribuna livre de opiniões e pensamentos.
A negação das pontes semeia a
elevação dos muros. Não se trata apenas de um movimento de nações, basta
olharmos para a transformação de nossas cidades, os condomínios e os guetos.
Resta saber se no âmbito global a ruptura chegará
as “pontes digitais”, como na China, ou apenas será um breve período de
alternância de pensamento político e socioeconômico.
Parece ser certo dizer que humanidade
experimentou seus maiores saltos de desenvolvimento pela colaboração e não pelo
hermetismo. As próximas décadas nos reservam a busca da resposta para tentar pacificamente
combinar o pensamento liberal e humanista. Ou criar um novo.
Artigo no Quociente Corporativo: https://quocientecorportativo.blogspot.com/2019/01/a-maior-ponte-do-mundo-e-o-muro.html
ResponderExcluirArtigo na folha de São Paulo sobre a Ponte Chinesa: https://folha.com/90qvpf53