Se você exerce papel de liderança em alguma conversa com colegas deve ter ouvido ou testemunhado certa frustração na formação de equipes. Como desenvolver e reter bons profissionais frente á impaciência, a alta velocidade de mudança na era do “tudo, ao mesmo tempo, agora”?
Caso você tenha mais de 35 anos este sentimento será reconhecido. Se houve um eco mais intenso é provável que já tenha passado dos 40 ou até mesmo dos 50.
Convivemos com a sobreposição de estilos de gerações, muito mais ampla do que há 30 anos. Evidente: a velocidade de surgimento de novas gerações, como quase tudo, está maior. Hoje convivem os Baby Boomers (nascidos pós-guerra), Xs (décadas 60 e 70), Ys (80 a 90) e Zs (os millenials - pós 90).
No país, nossas peculiaridades (demográficas, econômicas etc.) alimentam uma conjuntura para a qual não estávamos preparados:
- mercado de trabalho – passamos recentemente por regime de pleno emprego;
- inflada expectativa das gerações mais novas;
- envelhecimento da população - prolongamento da vida ativa;
- contexto familiar e educacional - inadequada formação de pessoas e profissionais;
- mercado está mais amplo no volume e diversidade da demanda de produtos e serviços e do desafio de atendê-la. O marketing se sofisticou namorando a sociologia.
Os mais jovens estão ainda mais velozes. Aborrecem-se com a mesmice, querem desenvolvimento e reconhecimento rápido, temem menos a mudança, pois não conhecem de perto as dúvidas de tempos mais duros da economia. É compreensível, dado o experimento da antes inflada conjuntura trabalhista e a saída mais tardia da casa dos pais.
Possuem uma visão financeira pragmática face aos ganhos de liberdade sem um equilíbrio da contrapartida de responsabilidades, evidências de uma presunção de direitos maiores que os deveres.
Possuem uma visão financeira pragmática face aos ganhos de liberdade sem um equilíbrio da contrapartida de responsabilidades, evidências de uma presunção de direitos maiores que os deveres.
O centro é o indivíduo. O trabalho é um viabilizador da qualidade de vida, não das férias ou da aposentadoria, mas da próxima quinta-feira no fim da tarde. O ciclo de maturação é expresso em meses e não em anos. Variedade, inovação e repercussão são combustíveis enquanto que, para a maioria de gerações anteriores, evocam a resistência. Se outrora o receio era da instabilidade, hoje é estar desconectado, desatualizado, privado de mobilidade - principalmente virtual.
Os especialistas podem ser remunerados tanto quanto gestores generalistas, a interação é maior, há menos divisórias físicas, os níveis hierárquicos foram achatados, a visão de autoridade não se sustenta somente no poder da posição, questionamentos e confrontações são mais comuns.
Este ambiente criou uma provocação enorme para pais e corporações. Gerir pessoas ficou muito mais complexo do que um plano de carreira de médio-prazo, cargos e salários em seus níveis bem estruturados e eventos motivacionais.
Em um fórum de líderes em renomada universidade americana que participei ficou evidente como o modelo da geração X e um cenário corporativo pode influenciar gestores, fazendo-os mais autocráticos e normativos do que o necessário, distanciando eles ainda mais do apelo das novas gerações e de posições de lideranças efetivas.
Se personalidade reflete o aspecto visível do caráter de uma pessoa, à medida que ela impressiona aos outros, deveríamos, como líderes e gestores X, experimentar avaliar o impacto de nosso comportamento e personalidade nos liderados Y.
Da mesma forma convidaria aos jovens Ys a criarem uma maior empatia com a maioria dos seus líderes, que ainda são baby boomers e X. Assim irão ampliar suas possibilidades de sucesso e crescimento.
Já a grande maioria das empresas, naturais Xs e conscienciosos Rinocerontes, precisam entender como conviver e acompanhar os lépidos Felinos.
Já a grande maioria das empresas, naturais Xs e conscienciosos Rinocerontes, precisam entender como conviver e acompanhar os lépidos Felinos.
(continua na próxima publicação)
Paulo
Novembro de 2011
Novembro de 2011
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