Se ainda não chegou lá, abstraia e componha a sua autoimagem aos 65 anos. Avance mais um pouco e imagine o que estará realizando aos 70 e 80 anos. Coloque em perspectiva quais atividades espera realizar e quais serviços e produtos desejará nesta sua fase da vida.
Natural que nestas projeções habitem momentos de desfrute,
de lazer, de hobby ou apenas descanso e contemplação. Como também é provável receber uma cotovelada
do realismo lhe dizendo que ainda precisará trabalhar, manter-se ativo diante
de uma nova perspectiva de longevidade.
A expectativa de uma vida mais interessante e de
qualidade nos afasta da imagem de uma cadeira de balanço na varanda, espiando o
dia a passar, como coadjuvantes do cotidiano.
Experientes, exigentes e críticos, senhores e
senhoras desejam manter não somente a autonomia, mas o protagonismo, exercer o
poder de decidir, escolher. Há forte simbolismo nesta atitude: a necessidade do
reconhecimento, do valor, da sua relevância. Ainda mais decisivo será dar-lhes
a possibilidade do propósito e do desejo, molas propulsoras da humanidade, para
bem e para o mal.
Oferecer serviços e produtos para uma população que
envelhece, mas que ainda tem desejos e expectativas, é uma oportunidade tão
grande quanto o mercado infantil. Talvez ainda maior, visto que as crianças
ainda não possuem a autonomia para suas aquisições.
A amplitude do público sensibilizado para o ato de
compra é análoga para estes dois extremos. No caso dos senhores e senhoras, clientes
alvos primários, temos relevantes influenciadores ou decisores satélites, tais
como filhos e parentes.
Os sêniores compõe um grupo com grande apelo para
uso das mídias sociais e como consumidores do mercado digital. Possuem um ativo
custoso e que nos é raro: maior disponibilidade de tempo. Na web ou na loja física, se fazem valer de horários
de menor "rush", aproveitando melhor a disponibilidade para o
atendimento. Proporcionam as empresas a utilização mais uniforme de sua
capacidade, por vezes ociosas ao longo do dia.
A comunicação eficaz com este público requer
especial cuidado com a utilização de bons e claros atributos visuais, processos
intuitivos, simples e diretos. Conhecedores dos truques e da neblina dos efeitos,
por certo preferem os atalhos, salvo os momentos lúdicos, passionais ou de
entretenimento. Os tablets e celulares revolucionaram e democratizaram o acesso
à tecnologia, nos salvando da derrocada dos computadores tradicionais em serem
simples como um eletrodoméstico, uma televisão.
Mas nem só da imensidão do azul se faz este “Conto
de Réis”. Vender para uma faixa de consumidores que perde capacidade de compra
pelas baixas aposentadorias é um desafio, o qual será vencido por estender sua
atividade remunerada por mais tempo.
Deveremos gerar oportunidades de emprego para esta
população, talvez como um contrato diferente do habitual que vemos hoje. Deveremos
convencê-los do contrário que aprenderam em suas vidas (a necessidade atávica por
estabilidade) lhes proporcionando trabalhos de tempo parcial, por jornadas, com
contratos flexíveis e dinâmicos que respeitem o “seu tempo”.
Só não deveremos querer uma vida tão extensa quanto
as Baleias da Groelândia, os mamíferos mais longevos que se tem notícia e que
vivem até 200 anos.
Muito menos ousar mudar o ciclo da vida, pois sempre haverá o momento de chegar e de partir, até mesmo para o infinito.
Muito menos ousar mudar o ciclo da vida, pois sempre haverá o momento de chegar e de partir, até mesmo para o infinito.
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