sexta-feira, 1 de junho de 2018

O Mercado Sênior: um novo Eldorado


Se ainda não chegou lá, abstraia e componha a sua autoimagem aos 65 anos. Avance mais um pouco e imagine o que estará realizando aos 70 e 80 anos. Coloque em perspectiva quais atividades espera realizar e quais serviços e produtos desejará nesta sua fase da vida.

Natural que nestas projeções habitem momentos de desfrute, de lazer, de hobby ou apenas descanso e contemplação.  Como também é provável receber uma cotovelada do realismo lhe dizendo que ainda precisará trabalhar, manter-se ativo diante de uma nova perspectiva de longevidade.

A expectativa de uma vida mais interessante e de qualidade nos afasta da imagem de uma cadeira de balanço na varanda, espiando o dia a passar, como coadjuvantes do cotidiano.

Experientes, exigentes e críticos, senhores e senhoras desejam manter não somente a autonomia, mas o protagonismo, exercer o poder de decidir, escolher. Há forte simbolismo nesta atitude: a necessidade do reconhecimento, do valor, da sua relevância. Ainda mais decisivo será dar-lhes a possibilidade do propósito e do desejo, molas propulsoras da humanidade, para bem e para o mal.  

Oferecer serviços e produtos para uma população que envelhece, mas que ainda tem desejos e expectativas, é uma oportunidade tão grande quanto o mercado infantil. Talvez ainda maior, visto que as crianças ainda não possuem a autonomia para suas aquisições.

A amplitude do público sensibilizado para o ato de compra é análoga para estes dois extremos. No caso dos senhores e senhoras, clientes alvos primários, temos relevantes influenciadores ou decisores satélites, tais como filhos e parentes.
Os sêniores compõe um grupo com grande apelo para uso das mídias sociais e como consumidores do mercado digital. Possuem um ativo custoso e que nos é raro: maior disponibilidade de tempo.  Na web ou na loja física, se fazem valer de horários de menor "rush", aproveitando melhor a disponibilidade para o atendimento. Proporcionam as empresas a utilização mais uniforme de sua capacidade, por vezes ociosas ao longo do dia.

A comunicação eficaz com este público requer especial cuidado com a utilização de bons e claros atributos visuais, processos intuitivos, simples e diretos. Conhecedores dos truques e da neblina dos efeitos, por certo preferem os atalhos, salvo os momentos lúdicos, passionais ou de entretenimento. Os tablets e celulares revolucionaram e democratizaram o acesso à tecnologia, nos salvando da derrocada dos computadores tradicionais em serem simples como um eletrodoméstico, uma televisão.

Mas nem só da imensidão do azul se faz este “Conto de Réis”. Vender para uma faixa de consumidores que perde capacidade de compra pelas baixas aposentadorias é um desafio, o qual será vencido por estender sua atividade remunerada por mais tempo. 

Deveremos gerar oportunidades de emprego para esta população, talvez como um contrato diferente do habitual que vemos hoje. Deveremos convencê-los do contrário que aprenderam em suas vidas (a necessidade atávica por estabilidade) lhes proporcionando trabalhos de tempo parcial, por jornadas, com contratos flexíveis e dinâmicos que respeitem o “seu tempo”.

As empresas se beneficiarão da experiência com menor custo e os mais experientes e vividos complementarão suas rendas. Poderão dar vazão aos seus desejos maduros e farão crescer o mercado sênior para um patamar jamais experimentado.

Só não deveremos querer uma vida tão extensa quanto as Baleias da Groelândia, os mamíferos mais longevos que se tem notícia e que vivem até 200 anos. 

Muito menos ousar mudar o ciclo da vida, pois sempre haverá o momento de chegar e de partir, até mesmo para o infinito.


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