terça-feira, 6 de dezembro de 2011

As Empresas Xs e os Felinos – Parte Final

O termo “seguidores” nos empresta valioso significado, assim como outros que traduzem a contemporaneidade.  

As pessoas da geração Y precisam ainda mais da crença e identidade como instrumento de motivação, tal como o orgulho da marca, dos produtos, da perspectiva de crescimento pessoal e da companhia, da consciência sócio-ambiental, da inovação.   

Então o que cabe aos líderes fazer?

As empresas e seus líderes precisam seduzir e criar vínculos, interagir com maior constância, induzir o feedback, serem rápidos e resilientes. Isto não significa relegar valores de caráter mais perenes, pelo contrário. Depois de gerações sem batalhas ideológicas relevantes não preencher estes espaços é deixar a mercê da primeira corrente, de destinos as vezes mais do que duvidosos. Basta olhar as adesões a movimentos radicais.

Muito mais que arcos, os líderes são insubstituíveis para promover a autêntica identidade organizacional onde estejam vinculados os valores e crenças pessoais.

Não se iludam que os líderes de sucesso façam tudo isto apenas com suas habilidades heróicas.   O eficaz líder encontrará na colaboração interna e externa, nas decisões participadas a combinação dos fortes Rinocerontes e dos dribladores Felinos, utilizando melhor as complementaridades e singularidades.  

Lider não pode viver de punições. O efeito parece pequeno e as novas gerações lidam com dificuldade com esta visão anteriormente predominante de autoridade, por mais que as mereçam em muitos casos. Não se trata de permissividade,  doença paterna atual,  mas de inteligência de dirigir para o caminho certo com menos custo.

Ainda melhor sucedidas serão aquelas que possuam um processo de liderança autenticamente engajado, disseminado e contínuo. Sem permeabilidade e compartilhamento as iniciativas não se tornaram envolventes, carregadas de significado, substância. Serão frouxamente adotadas pelos seguidores que as virão com o distanciamento que as fadam a resultados marginais. 

É fato que boa parte das grandes corporações ainda tenha baby boomers como top líderes, mas os Xs já constituem maioria e promoverão o processo de liderança nas próximas décadas, ainda que compartilhado com Ys.

Indicativo que as empresas tendem a ter um perfil ainda mais associado ao pragmatismo, a resultados, mas sem esquecer as alternativas do pensamento múltiplo que é solo fértil para inovação.

Mais do que gestores talentosos, as empresas precisam de líderes com habilidades para promover a conexão com várias gerações sobrepostas e atender um mercado mais plural do que há 30 anos.   

É perder o bonde não estruturar esta corrente de gestão de pessoas como um processo de valor principal, além do RH tradicional, daquilo que se recebe passivamente como inventário de conhecimento e comportamento das escolas, universidades, das famílias e do esforço de formação individual.

Perceba o movimento de empresas com programas de seleção e desenvolvimento de líderes, coaching, mentoring, adoção de universidades corporativas, ações contínuas de comunicação e melhoria de clima organizacional. Notem como aquela mesinha ou balcão do cafezinho mudou. Agora temos as áreas de descompressão com seu charmoso mobiliário. Apesar do largo tempo,  lembro-me de como era bom estar no intervalo do almoço em um pequeno jardim de uma empresa que trabalhei. Sentado, conversando ao sol ou a sombra da pitangueira generosa.

Este jardim hoje são as mídias sociais, simbolizam o valor deste processo de compartilhar, comunicar, seguir, acompanhar continuamente, uma pitangueira que frutifica o ano todo. Notemos a diferença: um trabalho bem delegado por certo faça seu liderado X contente em resolver por si próprio e entregar o resultado. Se um liderado Y entrar em sua sala e pedir alguns minutos, pare o que está fazendo e procure lhe dar o retorno ou respostas que necessita.  

Então não elimine estas diferenças: aproximação não significa negar ou simplificá-las artificialmente para tornar líder e liderados assemelhados. Auscuta, presença e direcionamento já alimentam a empatia: vive la différence.

Do contrário é como imaginar que Rinocerontes devam com o tempo aprender a correr como Felinos. Eles, empresas e líderes outonais, primeiro precisam entender para onde e por que os novos Felinos correm tanto.

Em comum, ambos ao seu modo, surpreendem-se no atarefado dia a dia contemplando pouco as paisagens e compreendendo menos os movimentos nas planícies.


Paulo
Dezembro de 2011


Anexo: Vídeos da série sobre as Gerações do JG.
Vídeos: